
O egoísta busca apenas o que lhe agrada. Esta é uma perigosa tendência humana ligada à natureza pecaminosa. Precisamos tomar cuidado para que o egoísmo não contamine o nosso relacionamento com Deus e com o próximo. Este pecado é a raiz das transgressões aos Dez Mandamentos.
Quem vive exclusivamente em função do que lhe agrada pode ser incapaz de amar, perdoar e servir. Além disso, desejará o que é do outro, podendo vir a tornar-se o seu próprio deus.
A influência sutil do egoísmo manifesta-se até na prática religiosa. O que fazemos no culto é para o Senhor ou apenas para nós mesmos? Nosso comportamento cotidiano é que vai dizer.
Nosso louvor é para Deus ou só para curtir a música? Certamente, podemos ter prazer pessoal nessas coisas, mas o propósito não pode ser esse.
Participo das ofertas como ato de obediência para manter a obra e ajudar o próximo ou com o desejo egoísta de receber uma boa restituição? (Não confunda dízimos e ofertas com o imposto de renda).
O ministério é exercido para salvar os perdidos e edificar os salvos ou como forma de se obter fama e riqueza material? Como saber a essência dos nossos atos?
Um modo de verificação é este: se eu “sirvo a Deus” apenas quando é fácil, agradável ou me traz algum ganho perceptível e imediato, estou servindo a mim mesmo. Este seria, portanto, o “cristianismo self-service”, uma espécie de religião humanista, onde escolho apenas o que me apetece. Não seria esta a razão de se aceitar o fruto proibido, os pratos de lentilhas e as pedras transformadas em pães?
Negar a mim mesmo? Nem pensar.
Renúncia ao pecado? Não, obrigado.
Vigília, jejum, reunião de oração e estudo bíblico? De jeito nenhum.
É por isso que escolhemos os versículos que nos agradam e ignoramos os demais. Gostamos das promessas, mas desconhecemos os mandamentos. O próximo passo é a seleção de doutrinas ou a sua elaboração sob medida, de modo que se consiga a perfeita justificativa para uma espécie de “cristianismo ao gosto do cliente”.
Entretanto, na instituição da páscoa judaica, foi ordenado que se comesse não apenas a carne do cordeiro, mas ervas amargas também (Ex12). Ninguém consegue uma boa nutrição comendo só o que gosta. Vitória requer luta. O direito não dispensa o dever. Não existe bônus sem ônus. É neste sentido que entram as obrigações, renúncias e esforços como partes integrantes das nossas vidas.
Quem caminha com Cristo tem pão e peixe multiplicado, mas anda em direção ao Calvário. A cruz representa a essência do Evangelho. Jesus disse: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Antes da ressurreição, haverá morte e sepultamento.
Antes de experimentar a vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável a nós (Rm12.2), devemos apresentar nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1).
:: Pr. Anísio Renato de Andrade