
… Nem há alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados. (Hb 12.15b)
A mágoa é uma espécie de autofagia. Guardar mágoa no coração é a mesma coisa que beber um copo de veneno pensando que é o outro quem vai morrer. A mágoa é uma prisão. Quem não perdoa não é livre nem tem paz. A Bíblia fala de Absalão, filho de Davi. Embora seu nome signifique “pai da paz”, e não o bastante ter sido ele o campeão de beleza em todo o Israel, seu coração estava dominado pela mágoa. É que Amnom havia abusado de sua irmã Tamar para depois rejeitá-la como um trapo imundo. Por anos, Absalão maquinou em seu coração matar Amnom. A mágoa foi crescendo como um parasita até dominar completamente seu coração. Em vez de confrontar Amnom, repreendê-lo e depois perdoar-lhe, Absalão engendrou astuciosamente um plano para matá-lo. A mágoa no coração de Absalão às vezes transbordava, a ponto de algumas pessoas mais atentas lerem isso em seu semblante. Num dia de festa em sua casa, Absalão ordenou que seus capatazes matassem Amnom. O sentimento transformou-se em ação. O ódio desembocou em assassinato. Um abismo chamou outro abismo. Em vez de solucionar o problema, Absalão criou outros tantos: precisou fugir de Israel, perdeu a comunhão com pai, e um silêncio gelado se estabeleceu entre eles. Após vários anos de estremecimento, Absalão resolveu conspirar contra seu pai, a fim de matá-lo e tomar-lhe o trono. Nessa inglória empreitada, Absalão morreu e Davi chorou copiosamente. A mágoa é um veneno letal. Uma erva mortífera. Mantenha-se longe dela!
Autor: Hernandes Dias Lopes