
O parlamento alemão, protagonista de decisões de vanguarda, que mudaram a história recente da Europa, foi também o palco da seguinte decisão: Desde o dia 1º de novembro de 2013, a Alemanha oferecerá aos pais três opções para registrar seus filhos: “masculino”, “feminino” e “indefinido”. A nova legislação abre a possibilidade de a criança, ao se tornar adulta, escolher se prefere ser definida como homem ou mulher. Ou mesmo, seguir com o sexo indefinido pelo resto da vida. Com isso, a Alemanha passa a ser o primeiro país europeu a oficializar o terceiro gênero, mesmo que o assunto vise resguardar casos específicos de hermafroditas, o assunto tem sido amplamente usado com outros interesses.
A defesa da tese é baseada no fato de que, ao se definir, unicamente, macho ou fêmea, o Estado está tolhendo a liberdade individual de escolha futura da pessoa que ainda não pode escolher. Contudo, a decisão simplesmente formaliza uma tendência. As crianças desse e de outros países europeus há muito tempo estão sendo criadas sem muita diferenciação de sexo. Até mesmo os banheiros, em diversas escolas e repartições públicas, já são mistos. É comum ver-se em restaurantes meninos e meninas, de formação mais tradicional, confusos frente a sanitários sem os símbolos indicadores de feminino e masculino. E assim, está armada a polêmica. A tendência que se espalha do Velho Continente para outros lugares, como Austrália e EUA, já chegou também ao Brasil. Até mesmo na Câmara dos Deputados gaúcha, uma das mais tradicionais do país, o assunto causou acaloradas discussões.
Entretanto, o que deve ser realçado não é o fato em si, por mais questionável que seja, que pode ser visto como mais uma simples tendência da modernidade, que busca ampliar a gama de liberdades individuais; mas, sim, o fato de que essas medidas mostrarão seus efeitos a curto e médio prazo, principalmente na formação moral e emocional da nova geração, pois o assunto coloca em xeque o conceito tradicional de masculino e feminino.
Primeiramente, a verdade que não pode ser mudada é que, de forma majoritária, os seres vivos, animais ou plantas têm na sexualidade sua maneira de reprodução. É impossível a continuidade da maioria das espécies sem a participação direta ou indireta da semente formada geneticamente por um macho e por uma fêmea. Por mais que alguns segmentos sociais queiram sugerir a existência natural de um ser geneticamente híbrido, isso não é comprovado cientificamente. Por mais que se busquem alternativas, é impossível a formação embrionária de uma nova vida humana sem a participação da sexualidade predefinida pela criação. Francis S. Collins, o cientista diretor do Projeto Genoma, afirma, em seu livro “A Linguagem de Deus” – Gente – 2007, que a célula mater animal, mesmo in vitro, só é possível com a mistura perfeita dos genes de um macho e de uma fêmea da mesma espécie.
Em segundo lugar, vem a questão psicológica. Estudos mostram que tudo que na idade adulta parece óbvio não é dessa forma na cabeça de uma criança em crescimento. Se for ensinada desde a nascença que o seu órgão genital não define quem ela realmente é, por certo a formação da masculinidade ou da feminilidade será afetada. Sem este referencial, a elaboração complexa da sexualidade será prejudicada, podendo causar transtornos psicológicos e emocionais profundos, principalmente na adolescência, que é a época da afirmação social da identidade e da consolidação da orientação sexual.
Compreende-se por identidade sexual o sentimento e convicção interna de ser homem ou mulher. A formação da identidade de gênero é um processo complexo que incorpora elementos conscientes e inconscientes associados ao sexo biológico e qualidades estabelecidas pela sociedade como adequadas à condição do masculino ou do feminino. Esse reconhecimento ou convicção dificilmente será modificado ao longo da vida. Baleeiro e colaboradores citam estudos que falam da existência de um ‘núcleo de base’ da identidade de gênero, que seria a condição biológica para adquiri-la, mas será a experiência sociopsicológica que favorecerá a construção dessa identidade. Adolescência e Psicologia – Brasília – Conselho Federal de Psicologia – 2002.
Homens e mulheres crescerão convivendo com padrões relativos e não absolutos, fazendo com que aspectos como a atração natural entre sexos opostos e a busca de identificação por semelhanças sejam maculados de forma irreversível. Sentimentos de amor e paixão, destinados à própria manutenção da espécie, poderão acontecer entre pessoas do mesmo sexo, o que afeta diretamente o conceito de casamento e família, contrariando o modelo vivido desde o princípio das civilizações.
O que vale ainda realçar é que tudo isso não é o que pensa a maioria da população, nem aqui ou tampouco na Europa. Algumas das alegações mais otimistas dizem que a indefinição de gênero é principalmente para resguardar o direito de um número ínfimo de pessoas que nascem com uma anomalia chamada de intersexualidade, os hermafroditas, que pode ser física ou hormonal.
O que espanta, entretanto, é que tudo isso está sendo orquestrado por uma minoria liberal, liderados por grupos LGBT, e por aqueles que usufruem de polpudas verbas, geradas por lobbies vinculados a estas e outras entidades congêneres que, de forma tendenciosa, querem, através dessa polêmica e de polêmicas similares, tirar o foco de outros assuntos mais relevantes para a população. No Brasil, enquanto esta e outras matérias, como Kit Gay, maioridade penal, etc…, tomam o tempo da mídia e do legislativo, se avolumam a corrupção, a crise financeira e a dilapidação do patrimônio nacional. E quem se levanta contra estas tendências liberais da atualidade é tomado por retrógrado, radical, fundamentalista e, até mesmo, moralista.
Está na hora de aqueles que creem nos valores da família, formada por pai, mãe, meninos e meninas, se levantarem com voz ativa. Que os representantes, eleitos pela maioria cristã de nosso país, possam confrontar aqueles que, por força de hábitos de sexualidade individuais, tentam impor em forma de leis, ideias que induzirão a práticas contrárias ao que Deus com excelência criou.
A lei contudo já mostra os seus problemas. Tanto na Alemanha, como na Austrália, o assunto gera os primeiros conflitos, como por exemplo: no caso de ser preso, para onde vai o indefinido? Nos esportes, que nestes países iniciam muito cedo, para que lado irão os indefinidos? Assim como nos passaportes, em que as leis internacionais impõe a escolha, o que farão com os indefinidos?
Homem e mulher os criou, e os abençoou … no dia em que foram criados (Gênesis 5.2).
Por Asaph Borba
Fonte:: Lagoinha