
O século 21 é povoado por uma geração diferente, a geração “ade”: interatividade, velocidade, conectividade, instantaneidade. Essa talvez seja uma das principais marcas dos jovens da atualidade. Por estarmos em muitos lugares ao mesmo tempo virtualmente, estamos sempre atrasados. Atrasados para os compromissos, para as consultas, atrasados no feed do Instagram, na série que assistimos, no livro que já deveríamos ter terminado, na conversa que já deveria ter sido conversada, nos assuntos que já precisavam estar resolvidos…
É essa terrível sensação de atraso que toma conta das nossas almas gerando angústia, irrelevância e pobreza de espírito. Além disso, se trata de um tempo onde o ficar não é mais um momento e, sim, um estado de relacionamento; o colar não se trata apenas de dar uma conferida na resposta do colega do lado, mas, sim, de uma ferramenta usual de prova utilizada para a evolução acadêmica; o mentir, até ontem reprovado pela família e sociedade, hoje parece ser a base dos relacionamentos; e a aparência, essa, sim, ganhou uma supervalorização, sinônimo de status, relevância e importância. A indústria cosmética, a medicina estética e as poderosas grifes parecem estar na prioridade daqueles que escrevem a história do século 21.
Talvez essas sejam algumas das características dos tempos modernos. Claro, posso citar também o relativismo pelo qual tudo é conversado e nada mais é verdade por si mesmo, o consumismo acelerado, a comunicação em massa por meio das redes, a dilatação da juventude na qual os adolescentes querem ser jovens empoderados e os adultos também querem ser jovens irresponsáveis. Logo, o mundo é jovem. Todos com um objetivo em comum: a realização dos seus próprios desejos. O que fazer diante desse cenário? Não apenas hoje, mas constantemente me pego refletindo e tentando visualizar para onde estamos caminhando, como será nosso futuro, como serão os relacionamentos quando existirem apenas aqueles que nasceram pós-internet.
O que podemos plantar hoje para colher algo diferente e novo amanhã? É claro que não existe apenas uma resposta certa, tampouco uma resposta única para tamanhas dúvidas, anseios e situações. Outro dia, escutei algo que me fez rir: “Quando tudo isso acontecer por aí, foge pro Sertão do Piauí, que é provável que lá demore mais alguns bons anos para isso tudo chegar”. Será? Entre as várias sérias instituições criadas ao longo da história, acredito que a Igreja tenha sua parcela de responsabilidade na construção de um novo caminho. Sim, a Igreja, historicamente a responsável pela educação moral, pela exposição da verdade como dogma e pela instrução da família, precisa voltar às origens e à essência com a qual foi instituída por Cristo. Voltar ao primeiro amor, à fidelidade até a morte, à sã doutrina, à santidade, à vigilância, à paixão pelo seu Senhor.
Esses, entre alguns outros pontos, foram o clímax das cartas escritas pelo apóstolo João às sete igrejas do Apocalipse. Voltemos ao amor, à fé, à justiça, ao temor, à integridade, à paz, à piedade, aos jejuns, à oração e à leitura da Palavra para que possamos cumprir cabalmente o ministério pelo qual fomos chamados e chegar ao fim da vida podendo afirmar: “Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé”, “epitáfio” do Apóstolo Paulo. Até onde estudei, pesquisei e conversei com alguns mais entendidos, a Igreja não é uma construção, mas, sim, as pessoas que se denominam cristãos. Então, para concluir, eu pergunto: Onde estão os cristãos da geração “ade”, aqueles deste século, jovens conectados, interativos, mas que não se deixam levar pela aparência, se enganar pela mentira, se saciar pelos desejos? Onde estão os jovens cristãos que serão capazes de construir um novo caminho, realizar um novo sonho e escrever um novo destino para o século 21? A jornada é longa, mas aquele que perseverar até o fim receberá a coroa da vida. E por onde começar? Acho que podemos começar tendo um maior comprometimento com a vida, com o Senhor, com a Igreja, com nossos dons e talentos. Maior comprometimento em buscar a santidade, a verdade, a ética, o respeito. Maior comprometimento em cumprir o nosso chamado de ser e fazer a diferença sendo sal e luz. Construindo e realizando os sonhos de Deus para este tempo!
:: Pr. Lucas Gonzalez
FONTE: LAGOINHA.COM